domingo, 29 de maio de 2016

Projeto 3: Infografia e memória descritiva

Infografia


Memória descritiva

A infografia é uma forma única de apelar aos sentidos. Enquanto cidadãos  temos a necessidade de compreender o mundo à nossa volta, mas enquanto seres humanos somos limitados. Limitados à nossa capacidade de armazenamento ou simplesmente às 24h. No artigo, A infografia digital animada como recurso para transmissão da informação em sites de notícia,  de Paulo Rodrigo Ranieri (2008) pode ler-se: 

“A palavra «infografia» é um neologismo que deriva do termo norte-americano «infographics», resultado da contracção de «information» e «graphics». Trata-se de uma disciplina que apresenta uma informação através de esquemas visuais simplificados…”

A infografia é, portanto, como uma arma que facilita a compreensão humana. Ainda no mesmo artigo:
“(...) o objectivo de um infográfico deve ser facilitar a compreensão dos factos, processos e dados (Holmes, 2002) (Valero Sancho, 2001) (Cairo, 2008).”
                                                      
Atualmente vivemos para o imediato e os profissionais da comunicação, seja ela qual for, têm de assegurar a eficácia e clareza. A infografia reúne nela um grande poder comunicativo. A que realizamos apresenta um mapa, desenho, fotografia e texto. Os nossos objetivos podem ser sintetizados num: possibilitar o processo de cognição (Cairo, 2008). Isto é, transformar dados em informação que o recetor compreenda e finalmente torne-se mais informado. 
Este trabalho insere-se no contexto editorial do JPN- JornalismoPortoNet, e quer suscitar o interesse do público. O que está registado é o que queremos dizer. O tema são os 20 anos do Centro Histórico do Porto. Para compreendermos o que era desejado do nosso trabalho reunimos com o JPN e alteramos a escolha de São Bento, para os Clérigos. Após essa escolha, começou o processo de construção da infografia que é de background para responder às questões tipicamente jornalísticas. A primeira certeza, foi a orientação vertical da infografia por ser apropriada para o scrolling. A segunda foi a necessidade de informação rigorosa e clara. No JPN informaram-nos ainda que a largura da composição teria que ser obrigatoriamente 760 pixeis. As fontes utilizadas são oficiais, e por isso fidedignas. Estas foram o site do monumento e o do Turismo do Porto. Assim, concebemos através de um rascunho a estrutura e aspeto visual da nossa infografia. Com o título, a expressar o conteúdo, o texto explicativo e não redundante, o corpo com informação visual e recorrendo a fontes credíveis. Tudo com o intuito de cumprir a função estética, tornando-se num projeto apelativo. 

“Information graphics should be aesthetically pleasing but many designers think about aesthetics before they think about structure, about the information itself, about the story the graphic should tell.” 
                                                                                 Alberto Cairo 

Relativamente à informação reunida, apenas foi selecionada a mais relevante e útil quer para o leitor que não conhece o Porto como para o que o conhece como ninguém, ou seja, elementos identificativos e formas de acesso. Tínhamos pensado em utilizar caixas de apoio secundárias para explorar o estilo barroco, no entanto tendo em conta os 760 px de largura tornaria a organização da informação mais complicada, e isso teria um impacto negativo na sua comunicação. 

“What about confusing clutter? Information overload? Doesn't data have to be "boiled down" and "simplified"? These common questions miss the point, for the quantity of detail is an issue completely separate from the difficulty of reading. Clutter and confusion are failures of design, not attributes of information.” 
                                             Edward Tufte

O processo de criação no Adobe Illustrator, iniciou-se com o desenho dos Clérigos. Com a pen tool desenhamos o edifício. Dirigimo-nos aos Clérigos num primeiro momento com o intuito de conhecer melhor os pormenores do exterior da Torre, para assim perceber se seria necessário acrescentar ou alterar algo ao primeiro desenho e também quais as cores mais indicadas para o pintar. Após a visita, que proporcionou a primeira recolha fotográfica, pintamos o desenho em tons de bege, castanho e branco para, de certa forma, se aproximarem da realidade. Nos Clérigos está presente a forma circular e quadrada, a direção vertical, que se adequa à orientação da infografia. Pode notar-se a escala, entre o desenho dos clérigos e o mapa, colocando em destaque o primeiro. No desenho dos Clérigos está ainda presente dimensão uma vez através da perspetiva que o desenho não é apenas plano. O que liga o texto aos Clérigos é uma linha, que são pontos contínuos muito próximos, de forma a conduzir o olhar. A linha do desenho dos Clérigos é mais espontânea do que a do mapa e da tipografia. Essa é uma linha mais rígida e rigorosa, típica dos sistemas simbólicos. Neste monumento, a primeira técnica que "salta" à vista do leitor é a de justaposição. Já que os Clérigos se encontram ao lado do mapa. Mas também foram utilizadas outras técnicas como a estase e a exatidão. Pois apesar da linha do desenho ser espontânea ilustra o real.
Os Clérigos, segundo o site da Irmandade dos Clérigos, são a obra de Nicolau Nasoni “mais emblemática e mais representativa do seu fulgor artístico”. Uma vez que pertencem ao barroco rococó italiano, pensamos em criar molduras que servissem de elementos identificativos. Desenhamos então uma cornucópia, inspirada no mobiliário barroco. O objetivo era que não perturbasse a composição. No entanto, no final, ao organizarmos todos os elementos esse objetivo não foi cumprido, e por isso eliminamos a cornucópia. Desenhamos o símbolo da wifi, pois é universal e de fácil compreensão. E ainda colocamos a bandeira de cada país nos idiomas para ser imediata a apreensão de informação. Devido à cor destas, que não pode ser alterada, tivemos de modificar o tamanho para não perturbar a composição colocando as imagens mais pequenas. O fundo, bege, também foi um fator que permitiu essa decisão.

“Pure, bright or very strong colors have loud, unbearable effects when they stand unrelieved over large areas adjacent to each other, but extraordinary effects can be achieved when they are used sparingly on or between dull background tones. "Noise is not music. Only a piano allows a crescendo and then a forte, and only on a quiet background can a colorful theme be constructed." - Eduard Imhof's classic Cartographic Relief Presentation “                        
(Edward R. Tufte, 1990, em Envisioning Information)

Uma das atrações dos Clérigos é a vista sobre a cidade do Porto. Com a visita à Torre e a Igreja dos Clérigos foi possível integrar a fotografia na infografia. Para a recolha fotográfica utilizamos uma Canon 700d, com uma objetiva de 18-55mm e exploramos a técnica de profundidade. Selecionamos as quatro fotografias que consideramos mais identificativas e editamos ligeiramente a cor e o enquadramento com recurso ao Adobe Photoshop. Selecionamos ainda uma fotografia panorâmica capturada com o telemóvel. 
O mapa do Centro Histórico surge ao lado dos Clérigos, de forma a contextualizar o leitor. Assim, partimos do geral para o particular. Apresenta-se na forma quadrada que é a forma mais estável, e por isso permitiu a inclinação do mesmo. As técnicas são a complexidade, exatidão e a agudeza, todas subjacentes à natureza de um mapa. Começamos por desenhá-lo no entanto esse método não resultou. Pois comprometia a concretização de alguns dos objetivos da infografia: apresentar um registo visual rigoroso, informação bem documentada e não deixar dúvidas ao nosso recetor. Por isso, mudamos o nosso caminho para chegar ao destino pretendido. Isto é, escolhemos outro mapa. Este que está publicado no site do Centro Histórico do Porto, e tornamo-lo nosso.
Através da edição da imagem no Adobe Photoshop colocamos a cor bege, num tom mais claro do que o do fundo. Para deste modo o mapa se enquadrar na composição mas também se diferenciar. Primeiro recorremos á técnica de ênfase na zona dos Clérigos e colocamos pins nas zonas que constituem o Centro Histórico. Recorremos a um círculo (forma mais pregnante) com transparência (técnica de comunicação visual) para, assim evidenciar os Clérigos. Inicialmente feito com tons quentes (vermelhos e laranjas) em degradé. Os pins foram desenhados com inspiração nos famosos Google Maps pins. Depois de alguns testes com a cor dos pins, optamos pelo mesmo tom de verde da linha que delimita a zona do centro histórico. Para o obter utilizamos a ferramenta color picker. Esta escolha levou à alteração da cor do círculo para azul água, utilizando assim apenas cores frias, para contrastar com todo as outras quentes que pintam a maior parte da composição.

“Human eyes are exquisitely sensitive to color variations: (...) coloring data indicate that even putting a good color in a good place is a complex matter.”
                                         (Edward R. Tufte em Envisioning Information)

Nenhuma destas opções foi por acaso. A semelhança entre os nossos pins e os do Google Maps, tem por base o princípio da memória. Este que afirma que com a utilização de imagens que o recetor já conhece, a comunicação é mais eficaz. Também nos pins está presente a textura que é um elemento básico de comunicação visual. E através da opção drop shadow criamos a dimensão desejada.
Consideramos a nossa infografia completa e capaz de expressar os conteúdos de ambos os sites de uma forma imediata e eficaz, dando ao leitor tudo o que precisa de saber. Para além disso esforçamo-nos por despertar o interesse, com a galeria de fotografias. Poderíamos ter organizado a informação de outra forma, e até escolher outros conteúdos. No entanto, esta pareceu-nos a mais útil e apropriada ao JPN. Seria curioso, por exemplo se esta se tratasse de uma infografia interativa a possibilidade de uma visão 360º do cimo da torre. Porém, esse não é o caso e tendo em conta os recursos e objetivos pensamos que os cumprimos. 
Por fim, a criação da infografia foi um processo longo com alguns retrocessos, mas o resultado final compensou. O ponto - chave é comunicar bem. Foi sempre esse o grande objetivo, que se dividia por outros pequenos objetivos e desafios. E, de novo, nesta última proposta a imagem revelou-se um elemento fulcral para a comunicação visual. 

"El lenguaje visual es una herramienta fundamental para construir la sociedad del conocimiento." 
                                                                                                          Joan

Pesquisa e recolha de exemplos

A infografia é uma "ferramenta" muito útil para a comunicação visual. Com esta conseguimos tornar a informação mais imediata e possibilitamos uma melhor compreensão da mesma. Ao ajudarmos o recetor a compreender a nossa mensagem, "queres que te faça um desenho?", estamos a cumprir o grande objetivo do Design: comunicar eficazmente. Isto que vai de acordo com o processo de cognição de Cairo (2008). 
A infografia realizada nesta proposta é de background, no entanto por vezes a necessidade de informar dá origem às infografias de atualidade. Por exemplo, a seguinte relativa ao acidente com portugueses na França:



Existem diferentes tipos de infografias, com diferentes propósitos. Mas todas têm em mente o seu público alvo. 

Infografias narrativas





















Infografias instrutivas




Infografias exploratórias 





Estilo barroco

Com o intuito de tornar o barroco presenta na infografia, pensamos em criar molduras que servissem de elementos identificativos. Para não perturbar a composição, desenhamos apenas o que seria o canto de uma moldura de estilo barroco, inspirado pela decoração barroca.

Inspiração


Progresso no illustrator



Esta estaria a indicar a zona da Galeria. No entanto, acabamos por não a deixar pois, a nível estético, não se enquadrava bem na composição.